Direitos humanos e economia dominam conferência de imprensa de Obama e Hu Jintao

O Presidente dos Estados Unidos Barack Obama defendeu hoje que os Estados Unidos e a China devem prosseguir a sua cooperação apesar das diferenças em relação à questão dos direitos humanos.

No decurso de uma conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo chinês Hu Jintao, Obama garantiu que os EUA vão continuar a defender a liberdade de expressão, de reunião e de religião para o povo chinês, mas admitiu que o "crescimento pacífico" da China é positivo para o mundo.

Ao lado do Presidente chinês, que hoje iniciou uma visita oficial de quatro dias aos Estados Unidos, e numa referência particular à situação no Tibete, Obama pediu a Hu Jintao para dialogar com o Dalai Lama, o chefe espiritual dos tibetanos exilado na Índia.

"Na medida em que os EUA reconhecem o Tibete como parte integrante da República Popular da China, os Estados Unidos sugerem o diálogo entra a China e o dalai lama para resolver as divergências e preservar a identidade religiosa do povo tibetano", declarou.

Obama disse ainda que a China, e todas as nações, beneficiarão com o respeito dos direitos humanos para os seus cidadãos e sublinhou que os EUA estão empenhados na defesa da liberdade e dignidade de todos os povos.

Numa referência às questões económicas e comerciais, que dominaram todas as conversações, Obama insistiu na necessidade de corrigir a taxa de câmbio e considerou que as vantagens de uma "competição amigável" para a relação entre as duas potências.

O líder da Casa Branca revelou ainda que Hu prometeu uma política de não discriminação face aos investidores norte-americanos e garantiu que os dois países concordaram em avançar no diálogo sobre os direitos humanos, para além de se empenharem no reforço da cooperação para combater o terrorismo internacional.

A situação dos direitos humanos na China tem estado na origem de diversos momentos de tensão entre os dois colossos económicos, com os EUA apelarem para a libertação dos dissidentes chineses que permanecem detidos, incluindo o último laureado com o Nobel da Paz, Liu Xiaobo, impedido de participar na cerimónia que decorreu em dezembro em Oslo.

Hu Jintao, que, ao contrário do habitual, participou num curto período de perguntas e respostas, acentuou por seu turno que os EUA e a China devem respeitar as suas soberanias, integridade territorial e interesses económicos. No entanto, também admitiu que ainda existe "muito por fazer" no país em termos de direitos humanos.

Mas Hu também frisou que o seu país está disposto a discutir a questão dos direitos humanos com base "no respeito mútuo e na não interferência" nos seus assuntos internos.

A conferência de imprensa conjunta permitiu ainda a Hu Jintao destacar as "áreas positivas" de cooperação entre as duas maiores potências mundiais, os seus interesses comuns e os benefícios económicos mútuos que podem ser garantidos.

No entanto, a insistência de Hu sobre a soberania da China sugeriu que existem áreas onde Pequim não parece disposto em ceder às pretensões norte-americanas.

Sem precisar, Hu referiu-se a "diversos desacordos" nas áreas económica e comercial, que os dois países vão tentar solucionar. Os EUA consideram que a moeda chinesa está subavaliada e permanecem preocupados com o elevado desnível da balança comercial entre os dois países.

Durante a tarde, e num encontro com empresários norte-americanos, o líder de Pequim garantiu que a China vai estimular a sua procura interna e saudou o "promissor futuro" das relações comerciais entre as duas potências.

Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico
Lusa

 
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