PEQUIM - A ONG Human Rights Watch (HRW) acusou nesta quarta-feira, 30, a China de não ter cumprido os "requisitos mínimos internacionais" no julgamento dos 30 manifestantes tibetanos que foram condenados à prisão nesta terça-feira, e afirmou que eles não tiveram direito a um processo justo. A HRW destacou em comunicado que o julgamento, o primeiro contra acusados das revoltas violentas de 14 de março em Lhasa, aconteceu a portas fechadas, sem ter sido informado em dias anteriores os procedimentos prévios às sentenças ditadas na terça-feira.Nelas, 30 pessoas, incluindo vários monges budistas, foram condenadas a penas que variaram entre três anos e a prisão perpétua pelos distúrbios, nos quais, segundo Pequim, os manifestantes mataram 19 pessoas, entre elas 18 civis.O exílio tibetano assegura, por outro lado, que a repressão das forças de segurança contra esses protestos e os de outras zonas do Tibete e províncias limítrofes causou mais de 200 mortes."Culpados ou inocentes, esses tibetanos e qualquer outro acusado na China têm o direito a um julgamento justo", destacou a diretora para a Ásia da HRW, Sophie Richardson."Em vez disso, foram julgados usando provas secretas, a portas fechadas e sem o direito a uma defesa correta, por advogados que eles tivessem podido escolher", acrescentou.A HRW fez sérias acusações contra a Justiça chinesa, como a ausência de distinção entre os manifestantes pacíficos e os violentos, a presunção de culpabilidade e o secretismo.A ONG, com sede em Nova York, também reiterou que alguns advogados que se ofereceram para defender os tibetanos envolvidos foram ameaçados com penas e suspensões."Isso não é Justiça transparente, é um castigo político disfarçado de processo legal", disse Richardson.O Governo chinês respondeu na terça-feira às críticas da HRW em torno das pressões a advogados no país asiático, assinalando que a organização tem "preconceito" contra a China, e assegurou que os defensores da lei desfrutam de liberdade para trabalhar no país.